Dilma faz apelo para que Senado barre "pautas-bomba" da Câmara :: 11/08/2015 (15:32:00)
A presidente Dilma Rousseff fez na noite desta segunda-feira (10/8) um apelo a senadores para que o Senado "reforme" ou barre a aprovação de propostas provenientes da Câmara que elevem o gasto público – as chamadas “pautas-bomba”.

A presidente Dilma Rousseff fez na noite desta segunda-feira (10/8) um apelo a senadores para que o Senado "reforme" ou barre a aprovação de propostas provenientes da Câmara que elevem o gasto público – as chamadas “pautas-bomba”.

Dilma recebeu em um jantar no Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência da República, 21 ministros e cerca de 40 dos 81 senadores.

De acordo com o vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), a presidente não mencionou projetos específicos, mas “deixou clara” a preocupação com a aprovação de matérias que criam despesas permanentes.

A presidente fez um apelo pela colaboração do Senado que, sem nenhum confronto com a Câmara, possa ajudar o país, possa fazer andar uma agenda que não prejudique o país. Ela tem muita confiança de que o Senado, pela composição dele, pela representação dos estados, possa cumprir um papel de Casa revisora, de modificar esses projetos."

 “A presidente fez um apelo pela colaboração do Senado que, sem nenhum confronto com a Câmara, possa ajudar o país, possa fazer andar uma agenda que não prejudique o país. Ela tem muita confiança de que o Senado, pela composição dele, pela representação dos estados, possa cumprir um papel de Casa revisora, de modificar esses projetos”, afirmou Viana.

Segundo o petista, em um discurso para todos os ministros e senadores presentes, Dilma afirmou: “Eu respeito, e é preciso garantir a independência entre os poderes. Mas preciso fazer esse apelo”.

Conforme o vice-presidente do Senado, Dilma “tem otimismo e garantiu que dá para superar a crise, mas fez esse apelo para que o Senado ajude e não crie mais dificuldades”.

Na semana passada, a Câmara dos Deputados fez avançar a chamada “pauta-bomba” ao aprovar em primeiro turno uma proposta que vincula salários de procuradores de estado, delegados e de integrantes da Advocacia-Geral da União a 90,25% da remuneração de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O impacto dessa medida será de cerca de R$ 2,5 bilhões às contas públicas, conforme o Ministério do Planejamento.

Também está na pauta da Câmara projeto que aumenta a correção do saldo do Fundo Nacional de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o que, segundo o governo prejudicará o programa Minha Casa, Minha Vida, por impactar os juros de financiamento habitacional.

A intenção da presidente Dilma ao reunir os senadores é procurar fazer frente à atuação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o Planalto e passou a se declarar de oposição.

Diante da dificuldade de diálogo com Cunha, a presidente procura melhorar a relação com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e senadores da base aliada.

Apesar de convidado para o jantar no Palácio da Alvorada, Renan não compareceu e disse aos colegas não considerar “de bom tom” participar da confraternização.

Mais cedo, porém, ele acenou com a possibilidade de colaborar com as medidas de ajuste fiscal ao apresentar aos ministros da área econômica um pacote de propostas para tentar estimular a economia.

Renan Calheiros, que se afastou do Palácio do Planalto desde que passou a ser investigado pela Operação Lava Jato, classificou a situação do país de “dramática” e destacou que as sugestões apresentadas são uma “contribuição” do Congresso.

De acordo com Jorge Viana, Renan está “disposto a ajudar” o governo a superar a crise econômica. “Renan tem explicitado que a decisão dele é de ajudar. Que se deixe de lado essa pauta que prejudica o país. Não tem sentido votarmos ajuste fiscal e votarmos depois matéria que desajustam”, afirmou o vice-presidente do Senado.

Pacote de propostas

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), confirmou o relato de Jorge Viana sobre o apelo feito por Dilma e disse que a presidente “gostou” do pacote de propostas entregues nesta segunda por Renan Calheiros aos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).

Segundo o peemedebista, a presidente já marcou uma reunião para tratar do tema e do cenário “político” do país.

“Ela gostou da proposta que apresentamos pós-ajuste. Remarcou reunião com líderes para a próxima quinta-feira pela manhã”, disse Eunício de Oliveira ao G1.

Crítica

Apesar de ser do partido de Dilma e defensor do governo, o senador Jorge Viana fez críticas à falta de diálogo entre a presidente e o Legislativo. Ele afirmou esperar que reuniões com a desta noite se repitam.

“Muitos dos problemas que estamos vivendo é porque está faltando diálogo. Sou crítico, sou da base, mas acho que quem ganha eleição tem que se abrir ao diálogo, inclusive com oposição. Lamento que isso não aconteça. Ex-presidentes que não conversam. E, para mim, isso exige uma grandeza de todos, e o gesto deve começar por quem ganha”, disse.

Fonte: G1