O banco central da China reduziu as taxas de juros em 0,25 ponto percentual e, ao mesmo tempo, afrouxou as taxas de depósito compulsório —o valor que os bancos são obrigados a reter como reserva— pela segunda vez em dois meses nesta terça-feira (25/8), aumentando o apoio à economia fraquejante e ao mercado acionário, cuja forte queda reverberou ao redor do mundo.
Às 8h58, as Bolsas europeias respondiam positivamente às medidas, em especial as ações de mineradoras. Às 8h58, Londres subia 3,47%; Paris, 4,67%; Frankfurt, 4,48%; Madri, 3,75%; e Milão, 4,86%. Às 9h09, o dólar recuava 0,77% sobre o real, a R$ 3,5253 reais na venda, após subir 1,62% e atingir a máxima em mais de doze anos na véspera.
Com a queda de 0,25 ponto percentual na taxa de empréstimo de 1 ano, anunciada no website do Banco do Povo da China, a taxa vai para 4,6%. Segundo a autoridade monetária, o corte entra em vigor a partir de 26 de agosto. Além disso, cortou a taxa de depósito de um ano em 0,25 ponto percentual.
Ao mesmo tempo, o banco central também reduziu a taxa do depósito compulsório em 0,5 ponto percentual, para 18,0%, para a maioria dos grandes bancos, sendo que a mudança terá efeito a partir de 6 de setembro.
Segundo o jornal americano "Wall Street Journal", que adiantou na segunda o movimento do governo chinês, a queda de 0,5 ponto percentual do compulsório potencialmente disponibiliza 678 bilhões de yuans (US$ 106,2 bilhões) para os bancos emprestarem.
Perfil do investido
Um dos principais motivos imediatos para o desabamento de 8,5% na Bolsa de Xangai desta segunda-feira havia sido a falta do anúncio de um novo pacote de estímulos durante o final de semana, que se seguiu a uma semana de queda de 11,5% nas Bolsas.
Na ausência de novas medidas por parte do governo até o fechamento do pregão desta terça, que fecha antes por causa do fuso-horário, o principal índice da Bolsa de Xangai encerrou o dia em queda de 7,63%, impactando o resto das Bolsas asiáticas. Desde seu pico, em 12 de junho, a queda acumulada da Bolsa de Xangai é de 42%.
Desaceleração
A perda de valor das ações segue sinais de desaceleração da economia chinesa, cujo PIB aumentou 7% no segundo trimestre de 2015 —o crescimento de 7,4% em 2014 já havia sido o menor desde 1989.
A desconfiança sobre o país aumentou após o Banco Central chinês ter flexibilizado a cotação da moeda no dia 11 de forma que o yuan se tornasse mais suscetível às variações de mercado. Desde então, a instabilidade gerada fez com que os mercados de ações globais perdessem mais de US$ 5 trilhões em valor.
Naquele dia, a taxa de referência para a variação do preço da moeda foi desvalorizada em 2%, o que significou uma desvalorização de fato de 1,81% do yuan. Foi a maior depreciação da moeda desde o fim do câmbio fixo, em 2005. Ela foi seguida por mais dois dias de quedas.
Apesar de o governo chinês classificar a desvalorização como pontual, o mercado levantou a suspeita de que ela duraria mais tempo, e indicava uma forte preocupação com a desaceleração da economia do país -um yuan mais fraco tende a tornar os produtos do país mais baratos para o resto do mundo e, consequentemente, a aumentar as exportações.
Fonte: Folha de S.Paulo