A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou nesta sexta-feira (2/10) a interdição cautelar dos lotes válidos de todas as próteses utilizadas para implantes cirúrgicos e estéticos fabricados pela Silimed.
A empresa, cuja sede fica no Rio de Janeiro, é considerada a maior fabricante de implantes de silicone do país e uma das maiores da América do Sul. Segundo a Anvisa, a medida tem caráter preventivo e vale inicialmente por 90 dias, conforme os prazos da lei em vigor.
Além da interdição preventiva dos produtos, a agência também cancelou o certificado de boas práticas de fabricação da empresa, o que impede que ela possa operar até a sua readequação.
A ação ocorre após autoridades da Alemanha detectarem partículas na superfície das próteses usadas para cirurgias nos seios, o que levou a agência europeia de vigilância sanitária a suspender temporariamente, na última semana, o certificado da empresa de conformidade às normas da Europa.
No Brasil, uma inspeção realizada nos dias 28 e 30 de setembro, na fábrica da Silimed no Rio de Janeiro encontrou "não-conformidades que podem estar relacionadas à existência de partículas nas superfícies das próteses mamárias".
Com a medida, a Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro determinou a interdição da fabricação, conforme informa a resolução da Anvisa publicada no “Diário Oficial da União”.
De acordo com a agência, tanto a decisão tomada pelos órgãos europeus quanto do Brasil ocorrem por precaução enquanto o caso é analisado e os relatórios são concluídos. Não há, até o momento, indícios de risco à segurança de pacientes que já receberam os implantes. A agência não informou, porém, quais as orientações no caso de novos procedimentos com esses produtos.
Outro lado
Procurada pela reportagem da “Folha”, a Silimed ressalta, em nota, que a medida é "preventiva" – uma vez que, segundo a Anvisa, não há especificações técnicas sobre limites de partículas na superfície de próteses mamárias. Segundo a empresa, também há divergência sobre critérios entre órgãos europeus, o que faz, na visão da Silimed, com que a análise feita pela agência europeia seja "subjetiva".
"A literatura, a análise de risco e a vigilância pós-produção em todos esses anos demonstram que a presença de partículas estéreis, comuns em todos os produtos médicos, não evidencia risco de dano à saúde", informa, em nota.
Na mensagem, a Silimed diz ainda que seus produtos são seguros e que, em 37 anos, a empresa "nunca teve um caso que demonstrasse a presença de micro-organismos em implantes".
A fabricante também informa que está tomando todas as medidas necessárias "para agilizar o processo e apoiar os órgãos reguladores da Europa e do Brasil, no sentido de corrigir e reverter a situação."
Fonte: Folha de S.Paulo