Em resposta às ocupações de escolas estaduais paulistas, pais e estudantes têm se organizado para liberar colégios bloqueados ou evitar que novos sejam tomados.
Balanço da Secretaria da Educação aponta que 29 unidades foram desocupadas desde o início do movimento, há 15 dias. Mas, como houve novas ocupações, o número de colégios bloqueados subiu de 151 para 174 entre terça e quarta-feira (25/11).
O protesto de alunos, pais e movimentos sociais pede a suspensão da reorganização da rede, proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). A ação prevê o fechamento de 92 unidades e o remanejamento de 300 mil estudantes. O governo diz que ela irá melhorar a qualidade do ensino em SP.
As ocupações despertaram reação de quem quer que as aulas sejam retomadas. Foi o caso da comerciante Rosemeire de Souza Ferreira, 38.
Junto com colegas, ela tem feito vigília em duas escolas de Osasco (Grande SP) para evitar que haja ocupação.
Uma das unidades, a Leonardo Villas Boas, chegou a ser ocupada. "No fim da semana passada, não ficou ninguém lá. Pulamos o muro e arrebentamos o cadeado. Minha filha precisa de aula."
Os protestos na região começaram antes mesmo da ocupação. Há um mês, circulava a informação de que os colégios seriam fechados.
"Fomos para a rua e revertemos. Agora o pessoal quer fechar a escola? Não pode."
Na zona oeste da capital, a aluna Flávia Moura, 17, escreveu carta encaminhada à Secretaria de Educação. Sua escola, Andronico de Mello, foi ocupada na segunda (23/11).
"Hoje, ao chegar em minha escola, fui informada de que o prédio havia sido tomado. O grupo tirou de mim e de meus colegas o direito a mais um dia de aula", afirmou.
A Secretaria da Educação afirma que suas diretorias de ensino têm recebido outras mensagens como essa. A orientação, diz a pasta, é que o dirigente de ensino faça intermediação entre as partes.
Liberada
No caso dos pais de Fabíola, 17, houve reviravolta na avaliação sobre o movimento. No primeiro dia da ocupação da escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros (zona oeste), os pais foram buscá-la, aos gritos. Agora, após algumas conversas, a jovem está liberada para protestar.
"Ela está lutando pelos direitos dos estudantes", disse a mãe, Nazaré Santos Silva. "Não sei por que o governador não volta atrás."
Fonte: Folha de S.Paulo