Estudantes fecharam ao menos oito vias de grande circulação de veículos em manifestação contra a reorganização de escolas estaduais na manhã desta quinta-feira (3/12) em São Paulo.
O plano de reorganização das escolas estaduais, já publicado em decreto, prevê a divisão das escolas por ciclos únicos (anos iniciais e finais do fundamental e o médio). Segundo o governo, o objetivo é melhorar a qualidade do ensino e evitar, por exemplo, que alunos de seis anos frequentem a mesma unidade de adolescentes de 17 e 18 anos.
Para isso, 92 escolas serão fechadas, e cerca de 300 mil alunos serão remanejados. A rede paulista tem 5.147 escolas e 3,8 milhões de estudantes. Ao todo, 754 unidades novas escolas terão só um ciclo no Estado a partir do próximo ano.
Nesta quinta, alunos chegaram a travar o cruzamento da avenida Angélica com a avenida São João, na região central, mas foram dispersados pela Polícia Militar. Ainda na região central, estudantes bloquearam a rua Doutor Albuquerque Lins, na altura da Marechal Deodoro.
Na zona sul, grupos fecharam a estrada do M Boi Mirim com a rua Anhandí Mirim, além da avenida João Dias –próximo ao terminal de mesmo nome.
Na zona oeste, os estudantes bloqueiam a marginal Pinheiros no sentido rodovia Castello Branco na altura da ponte Transamérica. Na mesma região, alunos também fecham o cruzamento das avenidas Francisco Morato e Jorge João Saad. A avenida Heitor Penteado também foi bloqueada em ambos os sentidos na altura da avenida Pompeia.
Na zona norte, a pista local da marginal Tietê está bloqueada no sentido Castello Branco, na altura da ponte Piqueri.
Mesmo com as manifestações, o sistema de monitoramento de trânsito da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou congestionamento abaixo da média desde o início da manhã.
A estudante Adriana Freitas, 15, do colégio Fidelino Figueiredo disse que cerca de 40 estudantes fechavam a avenida Angélica quando a polícia agiu para retirá-los. "Em três minutos, começaram a atirar bombas. Uma acertou na minha perna", diz.
Testemunhas disseram à reportagem que uma das bombas atiradas pelos policiais atingiu o tanque de uma moto. O motociclista desceu do veículo, que continuou pegando fogo. Ele foi levado para a delegacia sem ferimentos.
Os manifestantes (que incluem alunos, sindicalistas e integrantes de outros movimentos, como Passe Livre) decidiram no domingo (29/11) radicalizar os protestos após a indicação do governo de que não recuará da reorganização. Desde então, houve ao menos um protesto por dia com fechamento de grandes avenidas.
Até então, os protestos priorizavam ocupação de escolas. Na última contagem do governo, eram 191, de um total de 5.100 no Estado inteiro.
Desbloqueio
O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse à Folha que não usará a Polícia Militar para fazer reintegrações de posse das escolas ocupadas, mas vai impedir os estudantes de fecharem completamente as vias durante manifestações.
"Se tiver algum dano, a polícia vai ingressar na escola, mas ela não será usada para fazer a reintegração. Quem vai cumprir a reintegração é a Secretaria da Educação. Temos ordens de reintegração de posse há mais de duas semanas e não fizemos nenhuma", afirmou Moraes.
Nos primeiros dias de ocupação, a PM montou um cerco ao colégio Fernão Dias Paes, em Pinheiros (zona oeste), pioneiro do movimento dos alunos contra a proposta da gestão Alckmin de reorganização da rede de ensino.
Fonte: Folha de S.Paulo