Segundo parlamentares que conversaram com ele, um cenário é certo e irreversível: a saída definitiva do deputado da presidência da Câmara.
Seja por renúncia ao cargo, seja pela cassação –o provável é que a votação em plenário ocorra em 19 ou 20 de julho.
Cunha convocou a imprensa às 11h desta terça (20).
Deputados aliados defendem que ele renuncie já à presidência da Casa, com dois objetivos. O primeiro é deflagrar a eleição para a sua sucessão, que se realizaria em um prazo de cinco sessões, e colocar fim à criticada gestão do interino, Waldir Maranhão (PP-MA).
Isso é do agrado do governo, já que Maranhão não tem conseguido apoio mínimo nem para conduzir as sessões de votação e não é considerado confiável pelo Planalto.
Cresce na Câmara a avaliação de que o imbróglio envolvendo Cunha deteriora a imagem dos deputados e de que é impossível reunir, em uma votação no plenário, o apoio de 257 deputados para que ele mantenha o mandato.
O "centrão", seu aliado, quer emplacar um sucessor, mas a antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB) e a atual (liderada pelo PT) ensaiam um acordo circunstancial para conseguir eleger um novo presidente sem qualquer ligação com o peemedebista.
O segundo motivo para a renúncia seria dar a aliados um discurso para votar contra sua cassação. Alguns avaliam que ele perdeu a hora ideal –deveria tê-lo feito antes de o Conselho de Ética ter aprovado parecer favorável à sua perda de mandato.
Ainda de acordo com parlamentares que conversaram com Cunha, um de seus pleitos ao Planalto é o de que o governo pressione DEM e PSDB a trocar integrantes na Comissão de Constituição e Justiça para beneficiá-lo.
PR, Solidariedade e PTN já fizeram isso, mas Cunha ainda não teria maioria na comissão, que vai julgar recursos seus contra a decisão do Conselho de Ética.
A iniciativa, porém, é vista como "ineficaz" até por aliados. Integrantes das duas siglas que estão na mira de Cunha passaram a defender, nos bastidores, que a Casa não pode mais postergar o julgamento do parlamentar.
Dizem esses aliados que o peemedebista vive hoje o momento mais delicado de sua trajetória e até mesmo que o governo aceite trabalhar a seu favor será difícil encontrar no PSDB e no DEM pessoas dispostas a salvá-lo.
"Não há hipótese de trocar qualquer membro da CCJ. Os nomes que estão lá são os que pediram preferência", afirmou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). Segundo o deputado, o apoio a Cunha no partido reduziu-se muito nos últimos meses.
Nem as especulações de que Cunha possa fazer delação premiada são vistas com temor absoluto. Segundo deputados, ele continuará pressionado e será ameaça independentemente de seu destino na Casa.
Fonte: Folha de São Paulo