Publicado em: 21/07/2016 |
A Polícia federal prendeu nesta quinta-feira (21/7) um grupo suspeito de planejar um ataque terrorista durante a Olimpíada do Rio de Janeiro, que começa no próximo dia 5 de agosto.
A operação foi planejada e realizada em cooperação com serviços de inteligência de outros países. Segundo assessores presidenciais, servidores brasileiros identificaram que os suspeitos presos mantinham um canal de comunicação com membros do Estado Islâmico.
O presidente interino, Michel Temer, foi informado nesta quinta-feira (21/7) logo pela manhã da operação. Ele fez uma reunião com os ministros da Justiça, Alexandre Moraes, do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, e com o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.
Dez pessoas foram presas pela Polícia Federal, com autorização judicial.
O ministro da Justiça concede uma entrevista coletiva para prestar mais esclarecimentos sobre o ocorrido, na sede da pasta, em Brasília.
Nos últimos dias, a preocupação com terrorismo nos Jogos cresceu, principalmente em razão do atentado em Nice, na França. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional chegou a dizer que a preocupação com o tema havia "subido de patamar".
Na quarta (20/7), Alexandre de Moraes, da Justiça, baixou o tom e negou que a preocupação com terrorismo tenha aumentado.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta quarta, ele disse que a criminalidade preocupa mais que o terrorismo.
"Não só as nossas agências como as internacionais colocam a probabilidade no nível mais baixo. Agora, existe possibilidade no mundo inteiro, não seria no Brasil que não existiria. A probabilidade é mínima, mas estamos tomando todos os cuidados e todas as medidas", disse.
Suspeitos de simpatia com o terror
Os suspeitos fazem parte de um grupo que estava sob monitoramento pelo governo interino por fazer elogios compartilhar conteúdo favorável a grupos extremistas e atentados terroristas. Eles representam cerca de 10% das cerca de 100 pessoas monitoradas pela Polícia Federal, como revelou a Folha nesta quinta.
Essa lista foi elaborada pelas autoridades a partir do comportamento desses cidadãos -brasileiros e estrangeiros que vivem em território nacional- na internet.
A grande maioria dos rastreados, aproximadamente 90%, entrou na mira por adotar conduta suspeita ao entrar mais de duas vezes nos portais ou peças de propaganda com conteúdo de exaltação a grupos extremistas.
As forças de segurança não identificaram, no entanto, que esse grupo tenha feito insinuações ou se manifestado favoravelmente a organizações terroristas.
Os outros 10% vêm chamando mais a atenção do serviço de inteligência. Trata-se de pessoas que, ao navegar por essas páginas, escreveram mensagens mais elaboradas, inclusive elogiando iniciativas extremistas, ou compartilharam conteúdos relacionados ao terror.
As autoridades de segurança destacam que, ao menos por enquanto, nenhum dos cem monitorados é visto até agora como ameaça iminente, já que não foram encontrados elementos que comprovem uma ligação direta com terroristas, como diálogos ou repasses de recursos a grupos extremistas.
Todos os suspeitos serão monitorados pelo menos até o fim dos Jogos Olímpicos, no dia 21 de agosto.
Três dessas pessoas foram identificadas pelo serviço de inteligência depois que um delegado da Polícia Federal os flagrou falando em árabe sobre bombas e explosões em um bar em São Paulo.
Sem domínio do idioma, ele soube do conteúdo da conversa porque o dono do estabelecimento era árabe e traduziu para o policial o que estava ouvindo.
Fonte: Folha de S.Paulo