Publicado em: 05/09/2016 |
O governo deve recuar da decisão de encaminhar a reforma da Previdência ao Congresso antes das eleições de outubro. A desistência será anunciada depois que o presidente Michel Temer voltar ao Brasil, e se deve à pressão da base aliada. Deputados e senadores fizeram chegar ao Planalto que seria um fardo pesado demais defender o projeto que altera as regras para aposentadoria numa campanha já marcada pela dificuldade de financiamento e pelo tempo mais curto para a apresentação dos candidatos.
Temer havia prometido ao PSDB mandar a reforma ao Congresso antes de outubro. Disse aos tucanos, inclusive, que isso resguardaria o governo de ser acusado de cometer “estelionato eleitoral”, deixando a proposta – que é controversa e impopular – para depois que as urnas fossem abertas, poupando candidatos do PMDB e de siglas aliadas do bombardeio de adversários.
Internamente, a decisão de postergar o envio da reforma foi defendida pelo ministro Geddel Vieira Lima, o responsável pela articulação política. O titular da Casa Civil, Eliseu Padilha, que advogava o envio imediato do texto como forma de sinalizar ao mercado o compromisso de Temer com a reforma, está sendo convencido de que atrasá-lo em um mês causará menos prejuízo que não ter o aval imediato da coalizão nem conseguir quórum para começar a discutir o projeto. Depois do feriado, Temer vai reunir o colégio de líderes e os presidentes dos partidos e tirar deles o compromisso com um cronograma e com o mérito da reforma. “Mil caminhos levam a Roma, uns mais curtos e outros mais longos. O mais importante é enviar um projeto que sinalize um compromisso inequívoco deste governo de não deixar a Previdência quebrar, porque é disso que se trata”, afirmou Geddel.
Se a reforma pode esperar, a ordem de Temer é pressão total para votar antes de dezembro a proposta de emenda constitucional que limita o crescimento dos gastos do setor público federal à inflação por 20 anos, sem concessões no texto para facilitar sua aprovação. “Teto é teto, e nesse não haverá nenhuma claraboia”, diz Eliseu Padilha.
Fonte: informações do O Estado de S.Paulo