Publicado em: 26/12/2016 |
Com o apoio da maioria dos partidos que fizeram parte da base de sustentação da atual gestão petista, o prefeito eleito João Doria (PSDB) assumirá no próximo dia 1º de janeiro com número de vereadores aliados suficientes para a votação de seus principais projetos.
Entre eles, privatizações de equipamentos municipais e alterações no modelo urbanístico vigente na cidade.
Ao mesmo tempo, no novo cenário político desenhado para 2017, Doria enfrentará saia justa dentro de seu próprio partido.
Ao apoiar a candidatura do vereador Milton Leite (DEM) à presidência do Legislativo, a equipe de Doria deixou de lado Mário Covas Neto, presidente municipal do PSDB, que viu minguar suas chances de assumir o posto.
Com o aval de Doria, Leite virou o articulador da busca pela maioria na Casa ao mesmo tempo em que tenta garantir votos entre os outros 54 vereadores para assumir o comando do Legislativo no primeiro dia do ano que vem.
Leite acredita que até o final de 2016 reunirá pelo menos 40 vereadores fiéis aos projetos do futuro prefeito.
"Ganhamos a eleição com Doria, por isso, o DEM está 100% com o governo", disse Leite à Folha.
Durante toda a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), Leite votou com o governo. No entanto, apoiou Doria durante a campanha, levando o então candidato aos seus principais redutos eleitorais, que inclui vários bairros da zona sul.
No cenário atual, são considerados oposição a Doria 11 vereadores –9 do PT e 2 do PSOL.
Além dos 12 vereadores do PSDB e o DEM, devem sustentar as propostas de Doria vereadores dos seguintes partidos: PRB, PR, PSD, PPS, PMDB, PV, PSB, PTB, PTN, PHS, PP, PSC e PROS.
O que não significa maioria absoluta entre todos os partidos, já que alguns eleitos são considerados como "independentes".
São os casos de Janaína Lima (Novo), Paulo Frange (PTB), Ricardo Nunes (PMDB), Celso Jatene (PR) e Claudio Fonseca (PPS). Embora Leite diga que o DEM está totalmente com Doria, o novato Fernando Holiday (DEM) –que integra o MBL (Movimento Brasil Livre)– pode ser um "rebelde" em algumas votações.
Mesmo assim, com 38 votos, a base já teria o que se chama de maioria qualificada, suficiente para os projetos previstos pelo prefeito.
CARGOS
Doria assumiu com um discurso de que não haveria loteamento político em sua gestão. Ao mesmo tempo, a base aliada deve cobrar a fatura para avançar com projetos importantes, que vão de privatizações e mudanças no orçamento.
Alguns pontos anunciados pelo tucano já irritaram alguns vereadores, acostumados a ter ingerência sobre subprefeituras (prefeituras regionais, na futura gestão Doria) e pastas importantes.
A primeira foi o anúncio dos titulares das regionais, a grande maioria vinda da máquina tucana no governo estadual. Outra questão foi o anúncio de corte de 30% nos cargos comissionados, onde os prefeitos costumam acomodar as indicações dos vereadores.
Os parlamentares esperam, porém, que proximidade de votações importantes sirva de incentivo para que Doria faça acenos à Câmara.
As privatizações do complexo do Anhembi e do autódromo de Interlagos deverão ser discutidas antes pelos vereadores. A Casa também deverá chancelar a revisão da lei que estendeu as gratuidades envolvendo idosos abaixo de 65 anos. Doria pretende voltar a cobrar a passagem de quem tem até 60.
Outros pontos polêmicos são ajustes nas regras urbanísticas da cidade, flexibilização que proíbe publicidade e eventuais mudanças no orçamento aprovado neste ano.
Fonte: G1