As vendas de carros em março mostram que o consumidor começa a voltar a ter confiança. No mês passado foram licenciados, em todo o país, 189,1 mil veículos, o que representou crescimento de 5,5% na comparação com março do ano passado. Foi o maior volume mensal desde novembro de 2015. O resultado positivo foi puxado pela venda de automóveis, que cresceu 7,07% no período.

O volume está, no entanto, ainda ligeiramente menor do que há dois ou três anos e 16,7% abaixo de 2013, o melhor ano para essa indústria, quando apenas em março foram licenciados 227,2 mil veículos. Mas o resultado serve para animar um setor que há meses só divulga notícias negativas.

Automóveis e comerciais leves representam 53% das vendas de veículos no país e foram os modelos mais simples (com motor até 1.0) que registraram o maior crescimento de vendas (11,68%), segundo os dados divulgados ontem pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), que representa as concessionárias de todo o país.

Total de 73,4 mil dos 158 mil automóveis licenciados no mês passado fazem parte do chamado segmento "de entrada" (os mais simples) e dos hatch pequenos. É nessas categorias que as montadoras mais investiram em lançamentos nos últimos meses. Como disse recentemente o presidente da Renault, Fabrice Cambolive, "aquele que tem condições de trocar o carro quer novidades".

As notícias não são tão boas, porém, no mercado de pesados. A indústria de caminhões continua agonizando com altos índices de capacidade ociosa, que chegou a 80% no início do ano. O licenciamento de apenas 4,1 mil caminhões em todo o país em março representou uma queda de 14,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Por consequência, os transportadores não precisaram comprar carretas, baús ou caçambas. As vendas de implementos rodoviários recuaram 16,31% na mesma comparação.

Também o segmento de motocicletas continua ruim, com queda de 19,74% nos licenciamentos de março (82,8 mil unidades). Há poucos dias, a associação que representa os fabricantes de motos, a Abraciclo, fechou acordo com a Caixa Econômica Federal, para criar novas linhas de crédito.

O desempenho ruim em motos e veículos de carga puxou os números totais para baixo. As vendas de todos os segmentos somaram 282,6 mil unidades em março, uma queda de 3,83% em relação ao mesmo mês de 2016. Na comparação com fevereiro houve avanço de 37,9%. Mas isso se explica porque março teve cinco dias úteis mais. No acumulado do trimestre, a venda total somou 711,6 mil veículos, 10,8% menos do que no mesmo período de 2016. Já na soma de automóveis e comerciais leves (459,8 mil) a retração foi de 1,12%.

Fonte: Valor Econômico