O movimento sindical não pode nem deve ser coadjuvante nesse momento de engates e tomada de posição.
Marcos Verlaine*
Em outubro próximo, o povo vai às urnas para eleger Presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. É quase uma eleição geral que nos aguarda.
Esse não é um momento qualquer do País e do nosso povo, pois pode significar a manutenção da política em curso ou mudanças substantivas. Mas nesse momento, não entrarei no mérito dessa assertiva.
Diante desse grande evento cívico, o que o movimento sindical em geral e os dirigentes sindicais, em particular, irão fazer? E por quê?
Antes é preciso entender que o sindicalismo é parte integrante da política. O sindicalismo não deve nem pode ficar alheio a esse processo que afeta a toda população.
O Estado é o governo de homens e mulheres organizados em classes sociais. E a política é a arte de organizar esses sujeitos. A vida política, portanto, é o afrontamento dos interesses sociais — ou seja, de classe — pela direção do Estado.
Sob esse entendimento seminal é que o movimento sindical e seus representantes devem apresentar suas armas para a contenda que se avizinha, cujos resultados impactarão a todos, de uma forma ou de outra, participando ou não da disputa em curso.
Primeiro é preciso participar intensamente desse processo, pois o dirigente sindical não é uma pessoa ou eleitor comum.
As controvérsias, conflitos e informações chegam primeiro nesses que dirigem gente.
Assim, precisam, para orientar esse contingente de trabalhadores, se posicionarem diante das demandas políticas que são apresentadas nesse momento de engajamento.
Se assim não o fizerem não estarão — os dirigentes sindicais — cumprindo integralmente seu papel político fundamental num momento de definições políticas, como é o caso do debate eleitoral em curso.
E devem assim fazê-lo porque são dirigentes. Precisam orientar a categoria representada para que decida que rumos o País terá nas políticas sociais, econômicas, de relações de trabalho e tantas outras políticas públicas que impactarão a vida nacional.
Os dirigentes sindicais precisam compreender esse processo político-social, a fim de influir nas grandes decisões do País.
O movimento sindical não pode nem deve ser coadjuvante nesse momento de engates e tomada de posição.
Do contrário, passado o momento eleitoral, se nada tivermos feito ou se fizermos pela metade, pagaremos caro pelos próximos quatro anos correndo atrás dos nossos adversários que fizeram seu dever de casa elegendo seus representantes às “casas do povo”, no caso das eleições legislativas proporcionais — para a Câmara dos Deputados e assembleias legislativas.
Para ilustrar esse quadro basta observar o atual Congresso, composto majoritariamente por representantes patronais.
Obviamente que esses não irão defender a agenda dos trabalhadores. Pelo contrário. Atuarão e atuam sempre contra essa agenda, de um lado, e de outro trabalham a fim de emplacar suas políticas restritivas aos interesses dos trabalhadores.
O exemplo da terceirização, configurado no PL 4.330/04, do deputado-empresário Sandro Mabel (PMDB-GO), salta aos olhos e evidencia que para disputarmos essas políticas de relações de trabalho temos de ter representantes em número suficiente para equilibrar o jogo, hoje absolutamente desequilibrado.
Com a palavra, o movimento sindical.