BRASÍLIA - O governo central registrou um déficit primário de R$ 29,371 bilhões em maio, o pior desempenho para o mês desde 1997, quando teve início a séria histórica do primário. O resultado, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, sucede o superávit de 12,570 bilhões de abril.
O resultado de maio foi pior do que das expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 18,6 bilhões, de acordo com levantamento do Broadcast junto a 22 instituições financeiras. O dado do mês passado ficou fora do intervalo das estimativas, que foram de déficit de R$ 27,7 bilhões a déficit de R$ 12,1 bilhões.
Diante do pior resultado do governo central para o mês de maio desde o início da série histórica, o desempenho dos ativos do mercado financeiro se deteriorou. O dólar renovou máxima com alta em relação ao real enquanto os contratos de juros futuros subiram. A Bolsa renovou mínimas.
Segundo o operador de uma corretora, o resultado reforça a ideia de que a reforma da Previdência precisa sair de qualquer jeito, o que gera cautela em meio ao recesso parlamentar no próximo mês e crescentes dúvidas sobre a aprovação. Às 14h22, o dólar à vista subia 0,94% aos R$ 3,3138. O Índice Bovespa caía 0,27%, aos 61.852,78 pontos.
Entre janeiro e maio deste ano, o resultado primário foi de déficit de R$ 34,984 bilhões, também o pior desempenho para o período na série histórica. Nos cinco primeiros meses do ano passado, esse resultado era negativo em R$ 23,716 bilhões.
Em 12 meses, o governo central apresenta um déficit de R$ 167,6 bilhões - equivalente a 2,59% do Produto Interno Bruto (PIB). Para este ano, a meta fiscal admite um déficit de R$ 139 bilhões nas contas do governo central.
O resultado de maio representa queda real de 0,6% nas receitas em relação a igual mês do ano passado. Já as despesas tiveram alta real de 12,7%. No ano até maio, as receitas do governo central recuaram 1,7% ante igual período de 2016, enquanto as despesas caíram 1,1% na mesma base de comparação.
Em coletiva de imprensa sobre o déficit primário recorde de R$ 29,371 bilhões de maio, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, rebateu as afirmações de que o desempenho fiscal do governo estaria se deteriorando.
“Discordo veementemente da avaliação de que déficits estão piorando. O superávit fiscal de abril, por exemplo, inclusive surpreendeu o mercado”, respondeu. Naquele mês, o saldo do Governo Central foi positivo em R$ 12,570 bilhões. “Estamos tomando diversas medidas para assegurar o objetivo firme do governo que é cumprir a meta de déficit de R$ 139 bilhões no ano”, completou.
Ela voltou a dizer que o governo tem um quadro “bastante ajustado” de acompanhamento das medidas de recuperação de receitas em andamento. “Teremos uma nova reavaliação de despesas e receitas em julho, que trará quadro fidedigno, com o ajustes que serão feitos, se necessário, para o cumprimento da meta do ano”, acrescentou.
Impacto da Previdência. As contas do Tesouro Nacional - incluindo o Banco Central - registraram um déficit primário de R$ 11,346 bilhões em maio. No ano, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional (com BC) é de R$ 35,044 bilhões.
No mês passado, o resultado do INSS foi um déficit de R$ 18,025 bilhões. Já no acumulado de janeiro a maio, o resultado foi negativo em de R$ 70,027 bilhões. Para o ano, a estimativa do Tesouro é de um rombo de R$ 184,2 bilhões na Previdência Social.
As contas apenas do Banco Central tiveram déficit de R$ 117 milhões em maio e de R$ 361 milhões no acumulado do ano até o mês passado.
Fonte: Estado de S.Paulo