A Caixa vai reduzir o percentual que poderá ser financiado na compra de um imóvel novo de 90% para 80% do valor da propriedade.
As regras vão valer para quem optar pelo financiamento pela tabela SAC (que amortiza a dívida e reduz o valor das prestações ao longo dos anos), a mais utilizada pelo banco público.
A partir de agora, quem quiser comprar um imóvel precisará ter 20% do valor imóvel para dar de entrada.
Para imóveis usados, o percentual de entrada é de 30% desde março do ano passado.
Pela tabela Price (pela qual as parcelas aumentam ao longo do tempo), haverá mudança no financiamento de imóveis usados pelas linhas Pró-cotista e carta de crédito ligada ao FGTS.
Segundo uma pessoa próxima ao banco, a mudança é uma decisão estratégica de segurança e garantia para a Caixa. No entanto, essa pessoa descartou que houvesse aumento na inadimplência ou mesmo escassez de recursos.
João da Rocha Lima Jr., professor titular de "real estate" da USP, sugere que a mudança tenha relação com o desejo de financiar mais imóveis com o mesmo volume de recursos, em meio à escassez de recursos da poupança e do FGTS. "Com o desemprego, as empresas estão fazendo contribuição menor pro FGTS. A força de aplicação do FGTS na casa própria cai", diz.
O efeito colateral positivo da medida, no entanto, é reduzir o risco desses empréstimos em um cenário em que o valor dos imóveis não deve subir nos próximos anos.
Em nota, a Caixa Econômica Federal redimensionou as cotas máximas de financiamento para adequação em relação à política de alocação de capital do banco. "A maioria dos clientes, conforme levantamento interno, não será impactada pela nova medida."
A Folha apurou que mais de 90% dos empréstimos para a compra da casa própria já financiam menos 80% ou menos do valor do imóvel.
A Caixa detém quase 70% de todo o financiamento imobiliário do país, com R$ 413 bilhões emprestados, mas tem enfrentado a concorrência dos grandes bancos, que veem na linha uma alternativa para continuar a conceder empréstimos em um cenário de crise.
Os bancos privados vem adotando estratégia agressiva de redução de taxas de juros na esteira da queda da taxa básica de juros (Selic), hoje em 9,25% ao ano. Já a Caixa sinalizou que não pretende cortar os juros neste momento.
O crédito imobiliário é considerado um dos menos arriscados do mercado. No final de março, os atrasos acima de 90 dias eram de 1,99% na Caixa. A média do sistema era de 1,8% naquele mês, segundo dados do Banco Central, e fechou junho em 1,6%.