Quem trabalha em São Paulo terá até três semanas extras de folga com os feriados do ano que vem. Entre as 14 datas comemorativas, sete cairão em terças ou quintas-feiras, os chamados “feriadões” – dias que “emendam” ao fim de semana. A outra metade será celebrada em segundas ou sextas. Se concedidas todas as emendas, o trabalhador terá 21 dias de folga durante o ano. Em 2017, foram 16.
A reforma trabalhista permite que patrões e empregados negociem a troca do descanso de feriado, o que pode acabar com as emendas prolongadas. Como a reforma entrou em vigor no dia 11, as empresas ainda estão se adaptando às novas regras.
No entanto, segundo a economista Juliana Inhasz, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), além de proporcionar um descanso extra, os feriados influenciam negativamente o comércio e a indústria. Para Juliana, o grande número de feriados prolongados reduz a produção econômica, pois menos pessoas estarão trabalhando.
“O problema não é só deixar de produzir. É ter uma estrutura de custo que continua correndo”, diz. “De uma forma geral, a gente produz menos, mas acaba gastando exatamente a mesma coisa”, observa a especialista.
De acordo com Juliana, o comércio e a prestação de serviços são os setores mais prejudicados com a mudança. “Quando falamos de comércio, uma parte significativa do salário dessas pessoas vem de comissão”, diz a economista. “Então, se você não trabalha no dia, tem menos comissão. Se você trabalha no feriado prolongado, pode ter uma cidade vazia e vender menos, o que também reduz a comissão”.
Segundo ela, no prejuízo no setor industrial fica por conta do pagamento de encargos, o que aumenta o custo de manter a produção contínua.
O lado positivo dos “feriadões”, diz Juliana Inhasz, fica com a movimentação no turismo. No entanto, a lenta recuperação da crise econômica e a redução da produção são fatores que reduzem as expectativas para o setor.
“Se as pessoas produzem menos, elas terão menos dinheiro para gastar no feriado”, diz Juliana. Segundo ela, as incertezas quanto a 2018 também podem influenciar a recuperação econômica.
Fonte: Veja