Veículos puxam e produção industrial cresce 0,4% em abril, estimam economistas :: 05/06/2018 (11:48:18)
Primeiro dado de atividade do segundo trimestre, a produção industrial deve ter registrado uma alta modesta em abril, impulsionada pelos bons resultados da produção de veículos e maior...

Primeiro dado de atividade do segundo trimestre, a produção industrial deve ter registrado uma alta modesta em abril, impulsionada pelos bons resultados da produção de veículos e maior número de dias úteis, avaliam economistas. A média das estimativas de 27 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta para um avanço de 0,4% da indústria na passagem de março a abril, feito o ajuste sazonal, após queda de 0,1% registrada no mês anterior.

O intervalo de projeções, no entanto, é bastante amplo e vai de queda de 0,7% a alta de 1,3%. De janeiro a março, os resultados da indústria surpreenderam negativamente todos os meses, com relação à média das estimativas. Na comparação com abril de 2017, o crescimento médio esperado é de 7,8%, ajudado pelo fato de o feriadão da Semana Santa ter caído em março neste ano, mas em abril em 2017. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje a Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF).

Na ponta mais otimista das estimativas, a gestora de recursos Mogno Capital projeta uma alta de 1% para a indústria em abril, na comparação mensal ajustada. "Basicamente a minha projeção da PIM está alta para o mês em função da elevação da utilização da capacidade instalada, divulgada pela FGV, alta na produção de automóveis e maior número de dias úteis em abril de 2018, quando comparado com abril de 2017, efeito que não é completamente eliminado pelo ajuste sazonal", explica Vagner Alves, economista-chefe da Mogno.

Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) aumentou 0,4 ponto percentual entre março e abril, para 76,5%. Já a produção de veículos, divulgada pela Anfavea, cresceu 8,7% no mês, na série com ajuste sazonal da MCM Consultores. Abril de 2018 teve 21 dias úteis, contra 18 dias úteis em 2017, devido à diferença de feriados.

Já a Rosenberg Associados está na ponta mais pessimista das projeções e calcula uma queda de 0,5% para a produção industrial na passagem de março para abril, com ajuste. "Estamos com uma projeção para a indústria extrativa mineral talvez um pouco mais baixa que o mercado, com uma queda interanual de 1,2%", afirma Thais Zara, economista-chefe da consultoria.

Segundo Thais, isso se deve a dados de produção da Petrobras, mais baixos do que no ano passado, e problemas na mineração de ferro. Entre os indicadores antecedentes acompanhados pela casa, a economista cita que a produção de veículos teve alta de 4,4% na margem, conforme a dessazonalização da Rosenberg; a expedição de papelão ondulado teve queda 1,7%; e a produção de aço, ferro gusa e laminado tiveram quedas de 3,5%, 1,8% e 2,2% em abril, respectivamente.

O Haitong projeta uma alta de 0,5% para a produção industrial em abril, na base mensal ajustada. O banco estima, porém, que retirado o efeito da produção de veículos, a alta dos demais segmentos seria de apenas 0,1% no mês, o que confirmaria que a economia perdeu ímpeto neste ano. Ainda assim, o resultado de abril deixaria um carregamento estatístico positivo para 2018, de 2,3% para a indústria como um todo e de 0,7%, sem a contribuição do setor de automóveis.

Apesar dos números da PIM-PF de abril darem o tom da atividade no início do segundo trimestre, após um janeiro a março decepcionante, as atenções dos economistas estão voltadas esta semana para outro dado: a produção de veículos em maio, que será divulgada pela Anfavea na quarta. O indicador permitirá inferir os primeiros efeitos da greve dos caminhoneiros sobre a produção.

O Itaú estima a produção de veículos em maio em 277,8 mil, numa aumento de 10,8% na comparação anual, mas queda de 6,9% na base mensal ajustada. A venda de veículos em maio, divulgada na sexta pela Fenabrave, recuou 14,9% na comparação mensal ajustada pelo banco, possivelmente já sob efeito da paralisação dos condutores.

Fonte: Valor Econômico