No trimestre encerrado em maio, a taxa de desemprego deve ter diminuído ligeiramente para 12,7%, na comparação com os 12,9% de abril e os 13,3% do mesmo período do ano passado, segundo média das estimativas de 26 economistas consultados pelo Valor Data. Ante o trimestre anterior, terminado em fevereiro, quando a desocupação atingiu 12,7% da força de trabalho, também não deve haver grandes mudanças.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje o número na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. O intervalo das estimativas dos economistas vai de 12,5% a 12,9%.
No cálculo do economista Flavio Serrano, do banco Haitong, em termos dessazonalizados a taxa deve ter pequena queda, de 12,3% em abril para 12,2% em maio.
Se na ponta, mês a mês, o desemprego segue com relativa estabilidade na comparação com 2017, o país deve continuar a ver queda lenta na desocupação e aumento muito gradual na ocupação. De acordo com dados da Pnad Contínua, até abril a média da população desempregada era de 13,23 milhões de pessoas, 445 mil menos ante o período do ano passado. A população ocupada ganhou 1,68 milhão de pessoas e subiu para 91,03 milhões. Tais números mostram que além de a economia ter empregado 1,24 milhão de pessoas que entraram na força de trabalho no período, houve uma geração de vagas que absorveu quase meio milhão pessoas. É pouco para uma queda mais relevante no desemprego no país.
A geração de vagas em geral tem diminuído, segundo a Pnad, assim como a entrada de pessoas na força de trabalho e menos vagas tem sido criadas. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que saem do mercado tem aumentado, o que pode sinalizar que o relativo enfraquecimento do mercado de trabalho tem levado mais pessoas a desistir de procurar um emprego.
Na pesquisa Dieese/ Seade divulgada esta semana, que tem metodologia diferente e abrange apenas a região metropolitana de São Paulo, esse movimento está mais explícito. O desemprego diminuiu, para 17,4%, em maio, mas graças à saída de trabalhadores do mercado, e não por conta da geração de empregos. A pesquisa mostra, ainda, que aumentou para 50 semanas o tempo de procura por uma vaga na região, ante 31 no início de 2016, ainda no auge da recessão.
É incerto se a greve dos caminhoneiros em maio terá alguma repercussão sobre os números da Pnad Contínua, uma vez que eles são uma média do trimestre. A paralisação teve impacto no emprego formal no mês. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, mostrou criação de apenas 33,6 mil empregos novos, metade do esperado por analistas. Foi o menor saldo do ano.
Para o ministro Helton Yomura, o mês foi atípico por causa da greve, que deixou o resultado fora da média do ano até então. A indústria, setor mais afetado pelo evento, fechou 6,4 mil vagas, contra 1,4 mil contratações no mesmo período em 2017, interrompendo quatro meses seguidos de saldo positivo.
Seja como for, mesmo antes da greve as projeções para o emprego já vinham recuando por causa da fraqueza maior que a esperada da atividade no início do ano. A Fundação Getulio Vargas (FGV), por exemplo, que esperava a criação de um milhão de empregos formais em 2018 reduziu sua estimativa para 524 mil, sem ajuste, ou seja, sem incluir dados informados com atraso.
Para a taxa de desemprego, a média do ano estimada por analistas no Valor Data é de 12,1%, pouco menor que a de 2017, de 12,7%.