Jungmann diz que PF já escolheu equipe para caso Marielle :: 14/08/2018 (09:36:27)
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda-feira, 13, que a Polícia Federal já tem uma equipe definida para atuar nas investigações da execução da vereadora Marielle...

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda-feira, 13, que a Polícia Federal já tem uma equipe definida para atuar nas investigações da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), que faz cinco meses amanhã sem qualquer solução. Delegados do Rio e de fora foram selecionados, disse. Mas os policiais só vão atuar caso sejam solicitados pelo governo do Estado ou o Ministério Público. Jungmann declarou ainda que a elucidação do crime é uma "questão de honra" para o presidente Michel Temer (MDB).

Segundo o ministro, a PF está pronta para entrar nas investigações, diante da sua complexidade. "Logo no início foi cogitada a federalização das investigações pela Procuradoria Geral da República, mas o MP do Rio não quis. Passados 150 dias, a gente tem a obrigação de colocar a PF à disposição, para ajudar ou assumir (o caso). Isso não quer dizer que estou desqualificando a equipe que trabalha", disse, no BNDES, no Rio, após anúncio de programa conjunto para a construção de presídios via PPPs. 

"Não é que se queira isso (que a PF assuma). É uma responsabilidade enorme. Estamos dispostos a compartilhar essa responsabilidade, se quiserem", disse o ministro. Ele lembrou que a atribuição é estadual e ressalvou que não recebe informações dos investigadores da Delegacia de Homicídios sobre a condução do caso (afirmou que não esperaria mesmo obter essas informações).

"A PF não pode fazê-lo (assumir). É preciso que haja requisição". Como o Rio está sob intervenção federal na segurança, o pedido poderia vir do gabinete de intervenção, ele pontuou.

Jungmann voltou a dizer que a complexidade das investigações se deve ao fato de haver envolvimento de "políticos e agentes públicos" no homicídio. "Isso me parece algo óbvio", afirmou. Para ele, houve "investigação entre crime organizado e aparelho do Estado" neste caso".

Uma das linhas de investigação envolve três deputados estaduais do MDB atualmente presos pela Lava Jato no Rio: Jorge Picciani  (ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, em prisão domiciliar), Paulo Melo e Edson Albertassi. Por esta tese, o crime teria sido encomendado por conta de uma disputa política. Jungmann não comentou essa possibilidade. 

A vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados a tiros na região central do Rio há cinco meses. O crime teve motivação política, segundo indicam as investigações. A polícia do Rio não divulga os passos da apuração. 

Procurado pelo Estado para comentar a fala do ministro, o Gabinete de Intervenção Federal no Estado divulgou nota que diz:  "As investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes já estão sendo conduzidos sob orientação federal, por intermédio da intervenção decretada na área da segurança pública do Rio de Janeiro. A integração dos órgãos de segurança pública do Estado com a Polícia Federal já está consolidada, particularmente na área de inteligência. O Gabinete de Intervenção Federal reafirma sua plena confiança no trabalho dedicado e competente da equipe da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro nas investigações."

A Secretaria de Estado de Segurança, também procurada pela reportagem, respondeu que "não vai divulgar informações sobre a investigação, que estão sob sigilo."

Fonte: Estado de S.Paulo