Caged aponta criação de 47 mil vagas em julho :: 23/08/2018 (09:42:48)
O mercado de trabalho brasileiro criou 47.319 vagas com carteira assinada em julho. Dessa forma, o país voltou a gerar empregos após a retração registrada em junho. O resultado veio melhor que o estimado...

O mercado de trabalho brasileiro criou 47.319 vagas com carteira assinada em julho. Dessa forma, o país voltou a gerar empregos após a retração registrada em junho. O resultado veio melhor que o estimado por analistas e representa o melhor julho em seis anos.

Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho, e estão sem ajuste - ou seja, não consideram informações entregues fora do prazo. O saldo de julho é resultado de 1.219.187 admissões e 1.171.868 desligamentos.

Com o resultado de julho, o país volta ao movimento de criação de vagas observado nos primeiros cinco meses do ano. Considerando os dados sem ajuste, foram criadas 77.822 vagas em janeiro, 61.188 em fevereiro, 56.151 em março, 115.898 em abril e 33.659 em maio antes do fechamento de 661 postos em junho. O resultado de julho é o melhor desde 2014, quando foram criadas 142.496 vagas. Em 2015 e 2016 houve corte de vagas.

No acumulado do ano, já considerando dados com ajustes (exceto julho, que ainda não tem dados atualizados), o saldo está positivo em 448.263 empregos - quase quatro vezes o registrado em igual período do ano passado.

A expectativa da equipe econômica é que o país encerre o ano com um saldo positivo menor do que o exibido até agora. A justificativa para isso é que no fim do ano costumam ocorrer desligamentos massivos no mercado de trabalho. Mesmo assim, a projeção oficial aponta para a criação de 200 mil vagas de janeiro a dezembro.

Como no mês anterior, a expansão do emprego em julho foi puxada pela agropecuária (com criação de 17.455 vagas). Em seguida, estão serviços (14.548 postos), construção (10.063), indústria (4.993) e serviços industriais de utilidade pública (1.335). Por outro lado, houve fechamento em administração pública (menos 1.528 vagas) e comércio (fechamento de 249 postos).

No acumulado do ano, porém, o setor de serviços continua a liderar a criação de vagas, com 298.457 postos. Em seguida, estão agropecuária (89.259 vagas), indústria (80.559), construção civil (52.194), administração pública (12.167) e serviços industriais de utilidade pública (7.694). Em 2018, o único a fechar vagas é o comércio, com corte de 93.962 postos.

O Caged mostra ainda que o Sudeste continua sendo o que mais gera vagas, ao registrar um saldo líquido positivo de 24.023 postos em julho. Em seguida, vêm Centro-Oeste (criação de 9.911), Nordeste (7.163) e Norte (6.635). Já a região Sul foi a única a registrar saldo negativo (com fechamento de 413 vagas).

No ano, o Sudeste também é o campeão na geração de vagas com carteira assinada, com 266.804 postos abertos. Em seguida, vêm Sul (91.745 vagas criadas), Centro-Oeste (85.330 vagas) e Norte (13.335). Nesse caso, o Nordeste é o único com saldo negativo - a região fechou 8.951 postos no ano.

Os dados do Caged também dão uma amostra da situação da renda no país. O salário médio real de admissão no país foi de R$ 1.536,12 em julho. Já o salário médio de desligamento foi de R$ 1.692,42. Em relação a julho de 2017, registrou-se ganho real de 0,14% para o salário médio de admissão e perda real de 2,51% para o salário de desligamento.

Os analistas estimavam uma criação líquida de 27,7 mil vagas, de acordo com a média projetada por instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data.

Para os economistas, os dados do Caged indicam recuperação, ainda que bem lenta, do mercado de trabalho.

Fabio Romão, economista da LCA, destaca resultados com saldos positivos melhores que em julho do ano passado de setores como construção civil, agropecuária e de serviços, no critério que inclui os celetistas da administração pública. A indústria, reconhece Romão, teve desempenho pior. Em julho do ano passado gerou 11.245 vagas contra 7.030 em igual mês deste ano. Ele lembra, porém, que a indústria sofreu forte perda de vagas em junho deste ano, como efeito da paralisação dos caminhoneiros. Por isso, avalia ele, um saldo positivo em julho significa reação rápida.

A LCA projeta criação de 250 mil a 300 mil novas vagas em 2018, o que significa recuperação de empregos. Ele ressalva, porém, que há longo caminho a percorrer, já que o mercado brasileiro perdeu mais de 3 milhões de vagas em três anos.

Na Tendências, diz o economista Thiago Xavier, a expectativa é de criação de 350 mil vagas, um resultado "tímido" frente às perdas acumuladas. "Mas com essa estimativa teremos o primeiro ano de quebra de uma sequência de três anos com resultados negativos."

Fonte: Valor Econômico